Icléa Lages de Melo
Quando o educador Paulo Freire iniciou a escrita do livro Pedagogia da Esperança,
diz ele que um amigo indagou: “ Mas
como, Paulo, uma Pedagogia da Esperança no bojo de uma tal sem-vergonhice como
a que nos asfixia hoje, no Brasil?” (1992)
Pois é Escola Municipal Barro Branco, o que guardo na memória, do trabalho de vocês ao longo desses 25 anos
de uma história belíssimamente, construída no contexto da educação no município
de Duque de Caxias, é o grito contra a insensatez, contra a anti-pedagogia ,
contra a anti-democracia, contra a inércia. É a recusa ao conservadorismo. É a
mostra da esperança de que uma escola
diferente é possível, indo na contra-mão
da tal sem-vergonhice que nos asfixia.
Sempre
ouvia falar do trabalho que essa escola realizava, e assim no final da década de 90 ao
ministrar a disciplina “Gestão de Sistemas Educacionais”
na FEBF/UERJ - que dividia com a professora Malu - entendemos
que para um maior entendimento do que significava uma gestão democrática - sendo esse um princípio que
defendíamos- seria conhecer um
espaço em que essa concepção fosse desenvolvida.
E levamos a nossa turma de graduação
para conhecer a escola
E a partir
daí , não mais deixamos de estreitar
nossos laços com essa realidade bem sucedida . Hoje 2012, através de diferentes
atividades, projetos, palestras, encontros, ciclos de debates, estudos etc.,
continuamos essa “ parceria” o que efetivamente tem contribuído para a formação
dos nossos acadêmicos.
Vocês dizem que nós ajudamos a construir a
história da Barro Branco. Há um equívoco nessa avaliação, pois na verdade vocês é que ajudaram a construir a história da formação
de nossos alunos através de atividades ,
palestras, aceitação de alunos para estágio, espaço para pesquisa, reflexões e sobretudo com a prática coerente no cotidiano da escola.
Aliás, essa realidade tenho levado também para outras atividades profissionais além da graduação na
FEBF/UERJ., como outros
cursos e palestras que tenho oportunidade de ministrar
Quero
ressaltar que essa história assim
construída, deve-se a pessoas que
assumem as suas tarefas de educadoras(es) progressistas ,
analisam politicamente as ações e idéias ,
buscam possibilidades procurando
superar os obstáculos não ficando apenas
nas lamentações, não se omitem diante das incoerências. Destaco que essa busca e análise não é individualmente
mas no coletivo, incluem todos os
envolvidos no processo de construção da escola . Possibilitam o sentimento de pertencimento a todos, alunos, responsáveis , professores ,
funcionários de apoio e comunidade , o
que faz com que esses atores não se sintam passivos mas também sujeitos
No
referendo do quanto pais, funcionários e professores se sentem e tornam-se
sujeitos ,me emociono ao lembrar de uma
mãe ,ao participar do Ciclo de Debates lá na FEBF, afirma que gosta dessa escola, porque mostrou para o seu filho a importância
de um livro e assim seu filho tornou-se leitor.
Ainda um
grupo de pais ao visitarem o PINBA /FEBF( Programa integrado de Pesquisa e
Cooperação Técnica na Baixada Fluminense), souberam que na semana seguinte estaria sendo realizado evento em comemoração ao Dia da Baixada e uma das
atividades seria exibição de um documentário sobre Solano Trindade, poeta que tem história nessa região , eles manifestaram interesse em assistir e assim tivemos que solicitar transporte para buscá-los e assistiram
a exibição
E mais, uma
mãe falando emocionada ao telefone dizia para seu filho que estava numa faculdade e que ele precisaria fazer o
mesmo.
Lembro-me
também da fala do bibliotecário da FEBF ao dizer que ficou emocionado e
surpreso, quando ao receber um grupo de alunos /crianças dessa escola em visita
á Biblioteca, ele perguntou se estavam
lendo Harry Porter ou a Saga Crepúsculo e eles responderam: “ Estamos lendo Cecília Meireles” . Lindo!!!
Agradeço a
oportunidade que estou tendo para deixar registrado o meu pensar sobre esse trabalho
. Sinto-me no dever de citar nomes (embora corra o risco de deixar
de fora alguém ) São pessoas que fizeram parte não só da história da Barro
Branco mas também da minha vida profissional e que aprendi a admirar.
Nádia, ( lutadora eterna que ajudou a
construir a história da FEBF) Vilminha,
( guerreira , dona de um
grande entusiasmo e fé na educação ) Idiléa,( sensível, amorosa e correta
) kátia, (não prescinde da esperança e busca), Mara ( defensora do que acredita,coerente) .
Portanto,
parabéns à equipe da Barro Branco, pela competência , ousadia, coragem,
amorosidade e fé de que uma educação diferente e desejada é possível
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