terça-feira, 14 de agosto de 2012

QUE MEMÓRIAS GUARDO DA ESCOLA MUNICIPAL BARRO BRANCO?


                                                                                      Icléa Lages de Melo


Quando o educador Paulo Freire  iniciou a escrita do livro Pedagogia da Esperança,  diz ele que um amigo indagou: “ Mas como, Paulo, uma Pedagogia da Esperança no bojo de uma tal sem-vergonhice como a que nos asfixia hoje, no Brasil?” (1992)
Pois é Escola Municipal Barro Branco,  o que guardo na memória,   do trabalho de vocês ao longo desses 25 anos de uma história belíssimamente, construída no contexto da educação no município de Duque de Caxias, é o grito contra a insensatez, contra a anti-pedagogia , contra a anti-democracia, contra a inércia. É a recusa ao conservadorismo. É a mostra da esperança de que  uma escola diferente  é possível, indo na contra-mão da tal sem-vergonhice que nos asfixia.
 Sempre ouvia falar do trabalho que essa escola realizava, e assim   no final da década de 90  ao ministrar     a disciplina “Gestão de Sistemas Educacionais” na FEBF/UERJ  -  que dividia com a professora  Malu -  entendemos  que para um maior entendimento do que significava uma  gestão democrática -    sendo esse um princípio  que  defendíamos-  seria conhecer um espaço  em  que  essa concepção fosse   desenvolvida. E levamos a nossa turma de graduação  para conhecer a escola
E a partir daí ,  não mais deixamos de estreitar nossos laços com essa realidade bem sucedida . Hoje 2012, através de diferentes atividades, projetos, palestras, encontros, ciclos de debates, estudos etc., continuamos essa “ parceria” o que efetivamente tem contribuído para a formação dos nossos acadêmicos.
 Vocês dizem que nós ajudamos a construir a história da Barro Branco. Há um equívoco nessa avaliação,  pois na verdade vocês é que  ajudaram a construir a história da formação de nossos alunos  através de atividades , palestras, aceitação de alunos para estágio, espaço para pesquisa, reflexões   e sobretudo com a prática coerente  no cotidiano da escola.
Aliás,  essa realidade  tenho levado também para outras  atividades profissionais além da graduação na FEBF/UERJ.,  como   outros cursos e palestras que tenho oportunidade de ministrar
Quero ressaltar que essa história assim  construída, deve-se a  pessoas que  assumem as suas  tarefas de educadoras(es) progressistas , analisam politicamente as ações e idéias ,  buscam possibilidades  procurando superar os obstáculos  não ficando apenas nas lamentações, não se omitem diante das incoerências.  Destaco que essa busca e análise não é individualmente mas no coletivo,   incluem todos os envolvidos no processo de construção da escola . Possibilitam  o sentimento de pertencimento a todos,  alunos, responsáveis , professores , funcionários de apoio e comunidade ,  o que faz com que esses atores não se sintam passivos mas também sujeitos
No referendo do quanto pais, funcionários e professores se sentem e tornam-se sujeitos  ,me emociono ao lembrar de uma mãe  ,ao participar do Ciclo de Debates  lá na FEBF,  afirma que gosta dessa escola,  porque mostrou para o seu filho a importância de um livro e assim seu filho tornou-se leitor.
Ainda um grupo de pais ao visitarem o PINBA /FEBF( Programa integrado de Pesquisa e Cooperação Técnica na Baixada Fluminense), souberam que na semana seguinte  estaria sendo  realizado evento em  comemoração ao Dia da Baixada e uma das atividades seria exibição de um documentário sobre Solano Trindade,  poeta que tem história nessa região ,  eles manifestaram interesse em  assistir e assim tivemos que  solicitar transporte para buscá-los  e  assistiram  a exibição
E mais, uma mãe falando emocionada  ao telefone  dizia para seu filho que estava  numa faculdade e que ele precisaria fazer o mesmo.
Lembro-me também da fala do bibliotecário da FEBF ao dizer que ficou emocionado e surpreso, quando ao receber um grupo de alunos /crianças dessa escola em visita á Biblioteca, ele perguntou se  estavam lendo Harry Porter ou a Saga Crepúsculo e eles responderam:  “ Estamos lendo Cecília Meireles”  . Lindo!!!
Agradeço a oportunidade que estou tendo para deixar registrado o meu pensar sobre  esse trabalho  .  Sinto-me no dever de  citar nomes (embora corra o risco de deixar de fora alguém ) São pessoas que fizeram parte não só da história da Barro Branco mas também da minha vida profissional e que aprendi a admirar. Nádia,  ( lutadora eterna que ajudou a construir a história da FEBF) Vilminha,
( guerreira , dona de um grande entusiasmo e fé na educação ) Idiléa,( sensível, amorosa e correta )  kátia, (não prescinde da esperança e busca),   Mara ( defensora do que acredita,coerente) .
Portanto, parabéns à equipe da Barro Branco, pela competência , ousadia, coragem, amorosidade e fé de que uma educação diferente e desejada é possível






Nenhum comentário:

Postar um comentário