segunda-feira, 13 de agosto de 2012

QUE MEMÓRIAS GUARDO DA ESCOLA MUNICIPAL BARRO BRANCO?


Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”.

Rubem Alves



Em minha primeira visita à escola Barro Branco, percebi que se tratava de uma escola diferente, uma escola que “nem gaiola tem”, porque sua preocupação é a de encorajar seus alunos, seus professores e toda a comunidade, a voar. Até eu, uma professora pesquisadora, fui tomada por essa coragem especial.

A Barro Branco é assim, um daqueles lugares que você nunca mais vai esquecer. Um lugar no qual encontrei seriedade, obstinação e uma vontade imensurável de acertar. Tenho várias coisas para enumerar como inesquecíveis, mas vou me deter a uma delas, a reunião do Conselho Escolar em que apresentei meu projeto de pesquisa. Nela, os conselheiros fizeram-me perguntas e deliberaram em meu favor, aprovando minha permanência na escola para a realização da pesquisa, que originou minha dissertação de mestrado. Este ato foi o primeiro, dentre muitos outros, que me fizeram vivenciar a gestão compartilhada, associando, assim, os teóricos estudados na academia à prática escolar efetiva.

Uma coisa deveras importante é o fato de que, mesmo após a finalização da pesquisa, da defesa e da publicação da dissertação, continuo me sentindo parte da comunidade Barro Branco e com a responsabilidade de, com muito carinho e respeito, disseminar os ensinamentos vivenciados durante os seis meses de trabalho de campo.

Enfim, essa escola, com cada um dos seus atores, imersos em um tecido social particular, tem me encorajado a seguir minhas atividades profissionais propagando as possibilidades e as aprendizagens que nela vivenciei. Por isso, com muita autoridade afirmo: sim “há escolas que são asas”. A Barro Branco é uma prova irrefutável disso.

Um abraço carinhoso e fraterno a toda comunidade Barro Branco.

Profa. Luiza Chaves


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