“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que
os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob
controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros
engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos
pássaros é o vôo.
Escolas que
são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não
podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser
ensinado. Só pode ser encorajado”.
Rubem Alves
Em
minha primeira visita à escola Barro Branco, percebi que se tratava de uma
escola diferente, uma escola que “nem gaiola tem”, porque sua preocupação é a
de encorajar seus alunos, seus professores e toda a comunidade, a voar. Até eu,
uma professora pesquisadora, fui tomada por essa coragem especial.
A
Barro Branco é assim, um daqueles lugares que você nunca mais vai esquecer. Um
lugar no qual encontrei seriedade, obstinação e uma vontade imensurável de
acertar. Tenho várias coisas para enumerar como inesquecíveis, mas vou me deter
a uma delas, a reunião do Conselho Escolar em que apresentei meu projeto de
pesquisa. Nela, os conselheiros fizeram-me perguntas e deliberaram em meu
favor, aprovando minha permanência na escola para a realização da pesquisa, que
originou minha dissertação de mestrado. Este ato foi o primeiro, dentre muitos
outros, que me fizeram vivenciar a gestão compartilhada, associando, assim, os
teóricos estudados na academia à prática escolar efetiva.
Uma
coisa deveras importante é o fato de que, mesmo após a finalização da pesquisa,
da defesa e da publicação da dissertação, continuo me sentindo parte da
comunidade Barro Branco e com a responsabilidade de, com muito carinho e
respeito, disseminar os ensinamentos vivenciados durante os seis meses de
trabalho de campo.
Enfim,
essa escola, com cada um dos seus atores, imersos em um tecido social
particular, tem me encorajado a seguir minhas atividades profissionais
propagando as possibilidades e as aprendizagens que nela vivenciei. Por isso,
com muita autoridade afirmo: sim “há escolas que são asas”. A Barro Branco é
uma prova irrefutável disso.
Um
abraço carinhoso e fraterno a toda comunidade Barro Branco.
Profa. Luiza Chaves
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